FILOSOFIA ESPÍRITA, ENCANTAMENTO E CAMINHO

"JARDIN" - Claude Monet

BEM-VINDO (A) !
Síntese da nobre caminhada do ser humano em busca de sua natureza real, sua Ciência é o instrumento eficaz que estimula o Espírito à sua auto-descoberta; sua Filosofia o conduz à reflexão profunda; sua Religião em Espírito e Verdade revela-lhe a natureza divina de co-criador e partícipe do Universo.

Quando assim compreendida, permeia visões de Vida, amplia horizontes, eleva sentimentos, faz fluir, como as ondas suaves de um rio, as virtudes latentes e desconhecidas de seu mundo interior...


Por sua vez, a Música, como parte da Arte que reflete a busca pela própria transcendência balsamiza, inspira, eleva, encaminha à serenidade, à reflexão...


Base Estrutural do ©PROJETO ESTUDOS FILOSÓFICOS ESPÍRITAS (EFE, 2001) - CONSULTE O RODAPÉ DESTE BLOG:

“Seria fazer uma ideia bem falsa do Espiritismo acreditar que a sua força decorre da prática das manifestações materiais (...). Sua força está na sua Filosofia, no apelo que faz à razão e ao bom-senso.” (Concl.VI - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec)."O Espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações, o dos princípios de Filosofia e Moral que delas decorrem e o das aplicações desses princípios.” (Concl. VII - O Livro dos Espíritos, Allan Kardec).


O Título ©Projeto

Estudos Filosóficos Espíritas foi cuidadosamente refletido, tendo em vista que: 1) Deve refletir a natureza da obra espírita, eminentemente filosófica; 2) Deve refletir a natureza do curso; 3) Estudos Filosóficos é também o nome da vasta obra filosófico-espírita de Bezerra de Menezes, e constante da Bibliografia de apoio do deste projeto, com o qual pretende-se homenagear, reverenciando-lhe o trabalho ainda intenso de sustentação a causa espírita no Brasil, nas dimensões espirituais, juntamente com Espíritos da estirpe de Léon Denis, hoje liderando a Falange da Latinidade que igualmente traça diretrizes para a disseminação das ideias espíritas à humanidade;

4) Iluminando o Evangelho de Jesus com as luzes do Conhecimento Espírita, passaremos a trazê-lO ao coração, ao pensamento, à razão, aos atos, às atitudes, vivenciando com pleno saber e plena aceitação os seus ensinos.

Tal é a finalidade do Espiritismo – formar caracteres com vistas ao mundo de Regeneração (vide KARDEC, Allan, Obras Póstumas, “As Aristocracias”, div.ed.), conforme predito nas palavras de Jesus (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.VI, O Consolador, div.ed.), corroboradas pela Codificação Espírita.

Educar para o pensar espírita é educar o ser para dimensões conscienciais superiores. Esta educação para o Espírito implica em atualizar as próprias potencialidades, desenvolvendo e ampliando o seu horizonte intelecto-moral em contínua ligação com os Espíritos Superiores que conduzem os destinos humanos.(STS)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

HÁ MUITAS MORADAS NA CASA DO PAI

O tema foi extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo, escrito por Allan Kardec, com base em suas pesquisas no Novo Testamento, capítulo 3, Há muitas Moradas na Casa de Meu Pai. Allan Kardec comenta o Evangelho de João, capítulo 14, itens 1 a 3 O Evangelho Segundo o Espiritismo foi escrito em 1864, portanto, há 156 anos e é de uma atualidade admirável, na medida em que podemos nele encontrar conhecimento e aconselhamentos para todos os momentos de nossas vidas. A princípio, podemos achar que Allan Kardec realizou uma narrativa própria acerca do Novo Testamento, já que, como Codificador, Organizador da Doutrina Espírita ele poderia colocar suas opiniões pessoais sobre os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Analisando este livro, encontraremos logo no seu Prefácio, as palavras do Espírito da Verdade, este que é o próprio Jesus, e que serve como um alerta, afirmando que Falanges de Espíritos bondosos, sábios, estavam envolvendo a Terra no momento da construção da Codificação, para “iluminar os caminhos” das criaturas e “abrir os olhos aos cegos”. Ele afirma que era chegado o momento em que “todas as coisas” seriam “restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas” da ignorância, “confundir os orgulhosos e glorificar os justos”. Declara que as vozes dos Espíritos Superiores, seriam como clarins, anunciando um novo tempo, desde que todos se irmanassem num só objetivo de desprendimento, fraternidade, entendimento e paz mútua. Allan Kardec declara ainda os Objetivos desse livro OESE, enaltecendo a obra magnífica de Jesus entre nós, e destacando que os seus ensinamentos de ordem moral puderam atravessar o tempo, sem mácula e sem manipulações humanas, ao contrário da sua imagem que foi mitificada, ou seja, transformada em mito, e seus ensinamentos transfigurados em religião que se multiplicou às centenas de milhares. Por isso o Espírito da Verdade diz que era chegado o momento em que “todas as coisas” seriam “restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas” da ignorância, “confundir os orgulhosos e glorificar os justos”, já que ao longo de mais de 1900 anos, a sua obra, a de Jesus, seria, como foi, totalmente transformada conforme o entendimento dos homens. Se “todas as coisas” seriam “restabelecidas no seu verdadeiro sentido”, é porque era chegado o momento de : 1) Nos desapegarmos das religiões formais, já que o templo de Deus está dentro de nós; e se está em nós, não precisaríamos das basílicas monumentais, das igrejas e dos templos, o isolamento pandêmico ensinou que podemos também fazer de nossos lares o nosso templo, aliás não é isso o que ensina o ELAR? 2) Olharmos Jesus com outros olhos; Ele é o Grande Espírito reconhecido por todas as culturas do mundo, como o Amor em Pessoa, o exemplo da Transfiguração de nosso amor ainda passional, numa forma de Amor Universal, porque totalmente espiritual; 3) Adaptarmos as suas palavras, ensinadas por meio de metáforas e alegorias, aos tempos atuais, e aqui eu me valho da Alegoria da Caverna do filósofo Platão, que fez parte da Falange do Espirito da Verdade para a concretização do Espiritismo na Terra, essa alegoria que está em sua obra prima, A República, onde ele, Platão, explica que a Verdade está fora da caverna escura da nossa extrema ignorância e apegos à concretude da matéria; 4) Que Ela, a Verdade, ensinada pelos filósofos gregos por meio de conjecturas e estudos diversos, na busca constante pela formação de um conhecimento que desse aos homens caminhos menos árduos, difíceis, e lhes abrisse o entendimento para que pudessem reconhecer o valor da vida em plenitude. E continuando, se “todas as coisas” seriam “restabelecidas no seu verdadeiro sentido”, é porque era chegado o momento de: 5) Conhecermos a nós mesmos como Espíritos imortais em jornada para a eternidade da Vida; 6) Que na Terra, viveríamos na temporalidade, no tempo que se escoa, que se vai, como água nas palmas das mãos; 7) Que a Vida na Terra, é apenas um segundo frente à eternidade; 8) Portanto, que a dor, o sofrimento, a aflição, significariam milésimos de segundos de aprendizado, de desmaterialização dos nossos apegos, porque a Vida é plena, é feliz, desde que a respeitemos e a amemos como benção, como oportunidade de crescimento; 9) E ainda: que os propalados Santos das igrejas foram pessoas normais, como nós, foram médiuns, foram amantes da Verdade e da Caridade; E aqui dou como exemplo Paulo de Tarso, Estêvão, Rita de Cássia, Lázaro, Erasto, Vicente de Paula, Vianney – o Cura, o Vigário da cidade de Ars na França, Agostinho, e muitos outros que, a convite de Jesus, vieram compor a Falange do Espírito da Verdade, pois já estavam renovados em evolução e entendimento. Suas mensagens estão espalhadas nas obras da Codificação, e estão, também em OESE, bem como o filósofo Sócrates, e antigos senadores de Roma, resgatados pela fé e pelas obras no Bem. Portanto, o significado da frase Há Muitas Moradas na Casa de Meu Pai, transcende a mera interpretação de que haveria vida em outros planetas, ou situações voltadas à mudança de formas de pensar. Allan Kardec fala dos diferentes estados do Espírito na erraticidade, que o Espírito André Luiz chamou de plano espiritual. Sim, sem dúvida, e daí podemos entender de que não há regiões geográficas nas dimensões extra corpóreas como na Terra, pois trata-se de estados de ânimo, de sentimentos e emoções, tão ou mais equilibradas ou desequilibradas conforme o estágio evolutivo do indivíduo. Allan Kardec também enfatiza as diferentes categorias de mundos no Universo, abrindo questões como a possibilidade de vida humana fora da Terra, aos moldes do que ensinam os Espíritos em O Livro dos Espíritos, PORTANTO NÃO PODEMOS ESQUECER QUE A VIDA NO UNIVERSO CORRESPONDE A MILHÕES, BILHÕES DE CRIATURAS EM FORMAS DE VIDA DIFERENTES DAS DA TERRA, E QUE O CINEMA AINDA NÃO INTERPRETOU DA FORMA ADEQUADA. MAS A CIÊNCIA CERTAMENTE O FARÁ. Para entendermos melhor, as questões de número 100 a 110 de OLE ensinam os diversos níveis de evolução do Espírito, criatura Universal. ESSES NÍVEIS CORRESPONDEM À VIDA UNIVERSAL, NÃO SOMENTE NA TERRA. PORTANTO, se existem Espíritos primitivos, de planos de provas e expiações, de regeneração, de planos felizes, estes transitam em seus planetas correspondentes, ou ainda nas múltiplas dimensões de Vida no Universo. As instruções trazidas pelo Espírito Agostinho, já no sentido dos planetas sólidos, onde os Espíritos se corporificam ou nascem, vivem e morrem, nos ensinam acerca das categorias de razão que se aproximam das de Aristóteles, contudo, Agostinho, adepto de Platão, postulou que os diversos mundos do universo estariam classificados conforme o padrão de evolução predominante da raça humana que lá habitasse. Isso não significa que Espíritos primitivos moralmente ou superiores moralmente não pudessem habitar temporariamente um plano de vida como o nosso, que é de provas e expiações, onde a IGNORÂNCIA (MAL) PREDOMINA. Tanto assim é que periodicamente vemos pessoas de Bem se unindo verdadeiramente em prol de uma causa, seja através do casamento, ou dos grupos de assistência à vida humana, à fauna e à flora da Terra. Porém, na Terra também vemos criaturas que se unem para o exercício do crime, da corrupção moral e de costumes. Estes são os extremos. A grande maioria está em aprendizado, tal como o Espírito Emmanuel pontuou, na Terra-Escola, na Terra-Prisão, na Terra-Hospital, todas unidas numa só, cujas entradas se abrem ao indivíduo conforme as suas necessidades e carências morais, espirituais e afetivas. Agem como um imã, que atraem as criaturas e que chancelam as suas necessidades evolutivas. A Escola filosófica estoica, na sua vertente romana, com Sêneca e Marco Aurélio, também postulou que nós, seres humanos, precisamos enxergar a vida com seus desafios reais porém, com serenidade e até sem dar tanta importância ao mal que nos aflige. Agostinho, presente na Codificação mas ainda ligado às ideias platônicas, diz que o progresso é lei da natureza. Que todos estamos a ele submetidos, o planeta, ou planetas do Universo igualmente, já que as Leis Universais são para todos (veja-se mais uma vez OLE). Ele enaltece a bondade de Deus que nos coloca frente à própria evolução, mesmo que seja de forma compulsória, pois para isso fomos criados. Revela que a Terra, planeta de origem transitória, também está se transformando para uma fase em que a grande maioria de seus habitantes será naturalmente constituída de seres bons. Mas que ninguém se engane, pois há a bondade e o conhecimento naturais, como fruto dos esforços individuais, como também a bondade como verniz social, que um dia derreterá, e o falso conhecimento que um dia será denunciado. Isto se chama transição, que Jesus definiu em suas parábolas do Joio e do Trigo, da Figueira Seca, do Bom Samaritano. Allan Kardec com o lançamento de OESE, definiu, conforme Instruções dos Espíritos Superiores, a “religião” espírita, desprovida de aparatos, de cultos à imagens, de cultos à médiuns, de rituais, de iconografia e de símbolos. E foi ao encontro de Jesus, que o orientou e nos legou uma obra de imensa importância, para o nosso conhecimento, consolo e acesso à Verdade tão buscada pela Filosofia e pela Ciência. SONIA THEODORO DA SILVA, filósofa

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

SAÚDE EMOCIONAL

A Filosofia Espírita abrange todos os setores de nossa vida, seja ela nas dimensões espirituais mas principalmente na dimensão corporal. No Espiritismo podemos encontrar todas as respostas para as nossas questões existenciais. O Espiritismo preconiza a vivência equilibrada nos padrões do exercício da saúde e do bem estar constante, tanto mental, quanto emociona e espiritual. Em O LIVRO DOS ESPÍRITOS há menções dos Espíritos Superiores acerca das situações difíceis que o Espírito enfrenta ao não encontrar um corpo físico nas condições necessárias à sua manifestação. E explica que essas condições dolorosas foram geradas em vidas anteriores onde o Ser não tomou os devidos cuidados com seu corpo e sua vida mental. Vícios de toda sorte, maus hábitos, maus pensamentos, tensões, emoções como cólera, ódio, ressentimento, hábitos como maledicência, inveja, ciúmes, todos são instrumentos desequilibradores das engrenagens sutis do Espírito e, por consequência, do corpo. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo os cuidados com o corpo físico que recebemos como dádiva de Deus, nas reencarnações necessárias à nossa evolução, os Espíritos orientadores alertam quanto aos cuidados devidos à matéria, frágil por si mesma, e submetida à vontade do Espírito. No capítulo 17, Sede Perfeitos, o Espírito Georges discorre sobre “Cuidar do Corpo e do Espírito “. Veja-se o que ele diz na obra citada. A verdadeira crise no nosso mundo não é social, política ou econômica. Essas são decorrentes de uma crise de consciência, uma incapacidade de experimentar diretamente a nossa verdadeira natureza, e uma incapacidade de reconhecer essa natureza em todos e em todas as coisas. Precisamos aprender a refletir, a pensar a vida com os olhos do Espírito imortal, e não com os olhos dos interesses momentâneos, talvez assim tenhamos uma vida mais saudável e feliz. Veja-se o que diz Emmanuel no livro Pensamento e Vida, itens Enfermidade e Saúde. Todos já ouviram falar das técnicas de auto ajuda, movimento criado nos EUA para aliviar os sofrimentos dos veteranos de guerra do Vietnã, uma das pioneiras e criadoras desse movimento foi Louise Hay. Contudo, aqui no Brasil não precisamos desse movimento para apoiar as nossas necessidades espirituais e morais. O movimento de auto ajuda, que faz analgesia mas não cura os males da alma, na verdade retirou da Filosofia, mais precisamente da Escola Estoica, os seus princípios. Veja-se o clássico do estoicismo, Epiteto, num livro com base em seus escritos, “A Arte de Viver”. O Estoicismo preconiza a indiferença pelo sofrimento, o enfrentamento das dores humanas com coragem e abnegação. Léon Denis, por sua vez foi um estoico prático, quando chama a Dor como sua amiga. Portanto, o equilíbrio emocional diante das agruras da vida está ancorado na compreensão sobre a existência e de seus valores e virtudes. Confiança, pois cada fase da vida é uma passagem de experiências a serem solidificadas em nosso entendimento, fortalecendo a nossa fé. Sonia Theodoro da Silva, filósofa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

O VALOR DA VIDA

 


Valorizar a vida, não obstante as dores, as dificuldades, os desafios da existência. Enfrentar com coragem e força de ânimo os problemas que a vida nos coloca, confiando no amparo de Deus e no auxílio dos Espíritos protetores.

Conta uma lenda, que pais chorosos pediram a Deus que lhes restituíssem o filho morto. Deus, então, mandou que buscassem em toda a Terra alguém que nunca tivesse sofrido uma perda, então ele atenderia ao pedido.  

Esse sentimento, a “perda”, pode ser sentido em todos os momentos de transição e mudanças em nossas vidas. Mudança de trabalho profissional sem ter tido a expectativa de deixá-lo, ou seja, demissões sem justa causa, mudança de local de residência sem ter planejado, um namoro ou uma relação amorosa rompidos, a morte de um familiar, a morte de um amigo ou amiga, mudanças políticas no país que podem gerar problemas em nossas vidas, perdas materiais por eventos de calamidade pública.

Apenas alguns exemplos, em meio a tantos que podem gerar tristeza, desânimo, depressão.

Por outro lado, os Espíritos protetores que atuaram na Codificação com Allan Kardec afirmaram que “não há felicidade sobre a Terra”. Felicidade, porém, não da forma como interpretamos, pois para nós, seres humanos de um plano moral de provas e expiações, a felicidade é a satisfação de nossos desejos materiais, de nossas vontades e caprichos.

E hoje, quando os comerciais de TV e de redes sociais nos estimulam a um padrão de vida que está além de nossas capacidades, sempre na ânsia de obter mais, em detrimento de ser melhor do que se foi anteriormente, e em comparação com outras pessoas, o sentimento de frustração cresce e traz em seu bojo a infelicidade e a desvalia da vida que se tem.

Essa é uma visão pequena e estreita da Vida que Deus nos concedeu para que pudéssemos, em nova oportunidade reencarnatória, realizar projetos de Vida, saldar compromissos, usufruir de momentos felizes com a família e amigos. Porque a vida é feita de MOMENTOS FELIZES.

Mas vejamos na Codificação e nos autores sérios que respaldam a Codificação, os motivos pelos quais as pessoas buscam pôr um termo em suas vidas, já que estamos, no momento desta palestra no mês de setembro, que lembra as ações contra o suicídio.  

Em O Livro dos Espíritos, Livro IV – Capítulo 1, Desgosto pela Vida – Suicídio, os Espíritos Superiores respondem a Allan Kardec que o desgosto pela vida, que se apodera de alguns indivíduos, sem motivos plausíveis, deve-se à ociosidade, à falta de fé, e geralmente da saciedade.

Dizem os Espíritos: “Para aqueles que exercem as suas faculdades com um fim útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente; suportam as suas vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os espera.”

Na questão seguinte, de no. 944, Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores se o ser humano tem o direito de dispor da própria vida, a que os Espíritos respondem: “Não, somente Deus tem esse direito. O suicídio voluntário ou autocídio, é uma transgressão dessa lei.”

Quando Kardec questiona se o suicídio não é sempre voluntário, os Espíritos acrescentam: “O transtornado mental que se mata não sabe o que faz”.

Essa loucura a que os Espíritos se referem pode ter várias origens: questões de ordem obsessiva seja psiquiátrica e/ou espiritual, geradas nesta existência ou oriundas de vidas anteriores.

Ao ímpeto de ceifar a própria existência tendo como causa o desgosto pela vida, os Espíritos Superiores são enérgicos ao afirmar que o trabalho pode preencher o vazio existencial.

E é neste ponto que enfatizo as centenas de ONGs que atuam efetivamente na preservação da vida humana e do meio ambiente, com destaque a Fraternidade Sem Fronteiras, os Médicos SF, SOS Mata Atlântica, Greenpeace Brasil, WWF Brasil, Mata Ciliar, mas também os trabalhos voltados a exilados de outros países e os sem teto em nossa cidade.

Ao trabalharmos a favor da vida do próximo, sua dignidade, o nosso coração se repleta de bem estar.

À pergunta de Allan Kardec, sobre o que dizer acerca daquelas pessoas que querem escapar às misérias e decepções deste mundo, os Espíritos Superiores respondem que Deus ajuda aos que sofrem, que felizes são aqueles que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados.

Isso também vale para a Eutanásia. Allan Kardec abordou esse tema em O Livro dos Espíritos, e os Espíritos respondem categoricamente que a ciência poderá trazer lenitivos e até um socorro inesperado no derradeiro momento.

O Espiritismo admite a Ortotanásia, que consiste em aliviar o sofrimento de um doente terminal através da suspensão de tratamentos que prolongam a vida mas não curam nem melhoram a enfermidade. Etimologicamente, a palavra "ortotanásia" significa "morte correta", onde orto = certo e thanatos = morte.

Diferente de Distanásia, que prolonga a vida de um paciente terminal mesmo que não haja mais condições de retorno à saúde.  

Em qualquer circunstância, ou situação a Vida é preciosa, ela nos foi concedida por Deus, como uma grande oportunidade, para buscarmos a nossa realização pessoal, para vivermos num país belíssimo como é o Brasil, não obstante as questões sócio-políticas, isso não importa, o que importa é o que possamos fazer para vivermos bem conosco  e com os outros.

E o que dizer do abuso das paixões? Dizem os Espíritos Superiores que se trata de um suicídio moral. Há neste caso esquecimento de si como criatura de Deus, e do próprio Deus.

Em o livro O Céu e o Inferno, Allan Kardec entrevista várias Espíritos desencarnados em circunstâncias dolorosas, inclusive suicídio voluntário, em diversas circunstâncias. A literatura mundial consagrou o suicídio de homens e mulheres em nome do amor, como Shakespeare em Romeu e Julieta, e Léon Tolstoi em Anna Karenina. Este último, veio a comunicar-se com a médium brasileira Yvonne do Amaral Pereira, e relatou que seu livro, publicado em 1877, serviu de estímulo a inúmeros suicídios de mulheres em seu tempo. Tolstoi voltava assim, à Terra, na condição de Espírito comprometido a cumprir com o compromisso de valorizar a vida alheia, através de trabalhos de psicografia com a médium brasileira. Há vários livros dessa rica parceria, publicados pela FEB-Federação Espírita Brasileira.

No Capítulo II de O Livro dos Espíritos, estes abordam a filosofia existencialista em seu ramo ateu, quando os Espíritos Superiores afirmam categoricamente que o Nada não existe.

O Nada foi tema de obras de filósofos da categoria de Friedrich Nietzsche, Jean Paul Sartre, os atuais franceses Luc Ferry e André  Comte-Sponville e o inglês Alain de Botton.

Como que antevendo as circunstâncias que abalariam as crenças humanas nas religiões, principalmente na Europa, desestabilizada e desestruturada durante séculos pelas ações de religiosos equivocados e imersos na sanha pelo poder a todo custo, o Espiritismo surge na aurora do século 20, poucos anos antes de duas grandes e devastadoras guerras mundiais que abalariam o espírito de crença e devoção a Deus.

Quando Nietzsche diz, através de seu personagem no livro de sua autoria Assim Falou Zaratustra, que “Deus está morto”, ele nada mais faz do que demonstrar a profunda,  oculta e desesperada necessidade que tem de crer no Criador que ele houvera conhecido através de sua rígida educação religiosa protestante.

A Filosofia Espírita foi a precursora de momentos de grandes tragédias individuais e coletivas, como a dar um sinal de esperança e consolo a toda a humanidade dos séculos 20 e 21.

Quanto a Consolo, aquele que nos auxilia a valorar a nossa existência, este é um tema que filósofos da Antiguidade Clássica chamaram a si, principalmente da escola estoica romana, como Sêneca, Epiteto, Marco Aurélio, e Boécio.

Todos viveram vidas desafiadoras, e tiveram final trágico, mas souberam enfrentar a dor e o sofrimento com coragem.

A expressão “coragem estoica” vem dessa escola filosófica, que além de outros tópicos não menos importantes, destaca o desprezo pela amargura, pela consternação, pelo penar e sofrer.

A Filosofia Espírita vem nessa tangente, mas, modifica o conceito da dor e do sofrimento, dando-lhe um significado terapêutico e educativo.

Mesmo agora diante de tantos pesares oriundos da pandemia do coronavírus-COVID 19.

A Filosofia Espírita engrandece as provas e desafios da existência, que colocam o ser humano num patamar de evolução moral mais abrangente.

Léon Denis, escreveu um livro, “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, onde desenvolveu seu pensamento sobre o significado da Dor para a evolução humana. O Espírito Emmanuel abordou esse tema em quase toda a sua obra.

E já que estamos falando em livros, eu indico o livro de minha autoria, “As Consolações da Filosofia Espírita- O Consolo do Conhecimento para uma época em transição”, por enquanto disponibilizado gratuitamente no nosso portal de estudos, EM BREVE será publicado em formado de livro pela Solidum Editora.

Eu também fiz uma Live para o Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, que está no www.facebook.com/centroespiritanossolar , disponível para todos.

O Valor da Vida caminha juntamente com aceitação, entendimento, compreensão, e esperança, muita esperança na Vida e muita confiança em Deus, nas suas Leis Divinas, nos Espíritos protetores que estão ao nosso lado.   

Sonia Theodoro da Silva, filósofa e escritora

 

BIBLIOGRAFIA:

O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

As Consolações da Filosofia Espírita – O Consolo do Conhecimento para uma época em Transição, Sonia Theodoro da Silva

quarta-feira, 25 de março de 2020

Amor e Felicidade em tempos de crise


 
 
Em tempos de provas e reajustes, falar sobre Amor e Felicidade pode parecer utopia. Contudo, Jesus também falou de paz em tempos de guerras, falou de perdão em tempos de ódio, de piedade em tempos de desprezo, de responsabilidade em tempos de omissão.

Então por que não falar de Amor e Felicidade em nosso tempo onde parece que as pessoas vivem um distanciamento contundente de sua própria humanidade? Quando nos parece que o “próximo” é alguém tão distante quanto os mais distantes astros do Universo? Justamente por isso, por causa desse distanciamento é que devemos tentar essa reaproximação.

Vivemos tempos onde os dramas de toda sorte acontecem: flagelos naturais, flagelos provocados pelos próprios seres humanos. A tão distante solidariedade está ressurgindo aos poucos, porque movida pela força das coisas. Talvez nos convidando a redefinir o conceito e o significado de felicidade, assim como amar.

Por séculos temos buscado ser felizes com o usufruto dos prazeres imediatos e mundanos, “amando” tudo o que nos cerca e nos traz apenas satisfação momentânea.

Ao longo da história da Filosofia, escolas surgiram no sentido de também buscarem respostas para as questões mais prementes da vida. Os existencialistas por exemplo, tem a capacidade de nos mostrar a realidade como ela é, sem fugas ou escapismos. E por serem tão contundentes, incomodam. Mas são úteis, tremendamente úteis em nosso tempo de tragédias e desenganos, oferecendo-nos uma saída que evoque mudança. Mudança no agir, mas sobretudo no pensar, subalterno daquele.

Por isso Allan Kardec surgiu no auge da retomada de caminhos seguros que nos fazem repensar o nosso tempo, mas, sobretudo, as nossas ações.

Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles diz que a felicidade é o maior bem desejado pelos homens e o fim das ações humanas, este último, com sentido teleológico, como a sua filosofia, quando afirma que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem.

Não está distante das afirmações de Jesus e de Kardec, que, priorizam o exercício do Bem como a finalidade da vida humana.

Mas até compreendermos isso, temos um caminho a percorrer.

 “Aristóteles diz que tanto as pessoas mais sábias quanto as pessoas menos doutas concordam que toda a ação humana tem como objetivo alcançar a felicidade. Se faz parte da natureza humana o desejo de ser feliz, o fim mais elevado não poderia ser outro e, por isso, há esse consenso. (W.J.P.dos Santos)”

Contudo, precisamos considerar que não há consenso sobre o sentido do que seja “felicidade”. Esse sentido varia conforme as culturas, os países, o nível evolutivo das criaturas. Kardec enumera em O Livro dos Espíritos, nas questões de número 100 a 110, esses degraus, o que torna bastante claro que ser feliz e amar está em acordo com a capacidade que as criaturas tem de apreender esse sentido.

Assim como Aristóteles buscava respostas para questões existenciais, a Filosofia Espírita, hoje, responde ao filósofo com a mais simples das conclusões, inspiradas em Jesus:  amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Essa felicidade jamais será anulada no coração e na mente daqueles que compreenderem o seu verdadeiro sentido. E jamais em tempo algum esse sentido poderá ser mudado ou apartado daquele que realmente assim o desejou.  

Sonia Theodoro da Silva, filósofa.