Os Espíritos Superiores que assessoraram Allan Kardec em seu
magnífico trabalho de síntese propiciaram à humanidade todas as condições que
poderiam levá-la à mudança de paradigmas. Segundo a afirmação de Emmanuel, as
revelações “evolucionam numa esfera gradativa de conhecimento” e, desta forma,
vai ao encontro do pensamento do codificador – “as verdades morais constituem
elementos essenciais do progresso”.
Podemos deduzir, assim, que o senso moral vai se
desenvolvendo à medida que os indivíduos sentem necessidade de uma
complementaridade aos conhecimentos desenvolvidos e adquiridos, gerando um
processo magnífico de completude em que razão e coração se integram, coesos,
numa mesma aspiração pessoal e coletiva – a felicidade. Quando os Espíritos
disseram que o Espiritismo seria “o Consolador prometido por Jesus”,
imediatamente os corações imaturos deduziram que a esfera espiritual com eles
se comunicaria a cada momento tormentoso de suas vidas, dando respostas e
soluções aos problemas afligentes e angustiosos.
Contudo, a filosofia espírita é bem clara e objetiva – o ser
humano progride e, ao progredir, deve assumir responsabilidades. Estas, por sua
vez, lhe garantem a segurança necessária para bem conduzir-se numa jornada
segura de paz e tranquilidade interior, o que não significa que outras pessoas
assim agirão, uma vez que convivemos num vasto oceano de diversidade cultural,
moral, intelectual, religiosa e, finalmente, evolutiva.
Nunca foi tão necessário buscar consolo no Evangelho de
Jesus, em suas palavras, atitudes, conselhos. A sua presença é a do amigo de
todas as horas, a do crucificado que voltou da morte a dizer que ela é apenas
uma percepção incompleta, precária e aparente. Jesus não ressuscitou, ele
mostrou que a morte do corpo não destrói o Espírito imortal; Jesus não é Deus,
é a plenitude da evolução a que pode chegar um Espírito em contínuo progresso.
As adversidades e atribulações que atravessamos atualmente
fomentam a descrença, o dissabor, a divisão e a somatização de problemas os
mais diversos, enclausurando a alma humana numa visão de mundo em que a
esperança (de esperançar, de estimular as boas expectativas) não encontra
espaço nas mentes fatigadas pelas tragédias do cotidiano e dos eventos
mundiais. Jesus e seus apóstolos
viveram num mundo em transição, passagem das crenças mitológicas para a fé
racional que se completaria dois mil anos depois com a Filosofia Espírita.
Daquela época para cá o ser humano obteve muitas conquistas, porém os
desconcertos do Espírito que busca alimentar-se apenas de satisfações
imediatistas impedem- no de olhar para o futuro de forma otimista e assertiva.
O Livro dos Espíritos, perg.119,
traz uma instrução de Paulo de Tarso: “para atingir a plenitude, três coisas
são necessárias: a justiça, o amor e a ciência; três coisas lhe são opostas: a
ignorância, o ódio e a injustiça.” E completa: “... aquele que por um falso
impulso da alma se afasta do objetivo da Criação, que consiste no culto
harmonioso do belo e do bem idealizados pelo arquétipo humano, Jesus, é
responsável (pela desorganização social).”
Este é o momento de mudança de paradigmas. Para tanto, temos
o impulso natural para o Bem que trazemos conosco; temos modelos auspiciosos
que poderão ser implantados a partir dos espaços vazios gerados pela dor e pela
perda. Os Espíritos que colaboraram na Codificação estão e estarão ao nosso lado
para que realizemos em nós e junto a nós esse novo modelo de paz e prosperidade
espiritual, modelando a nova civilização que tanto desejamos.
Sonia Theodoro da Silva