DE QUE TRATA REALMENTE A TRANSIÇÃO?
De exposição de escândalos morais presentes na política? De ausência de empatia e de respeito ao outro, ao próximo, principalmente
aos portadores de mobilidade reduzida, cadeirantes, deficientes cognitivos,
visuais, auditivos, ou simplesmente “o outro”, o “próximo”?
Da falta de respeito à vida humana, seja ela criança, mulher,
idoso, idosa?
De guerras e rumores de guerras conforme os capítulos 24 e 25
do Evangelho de Mateus e os argumentos dos Espíritos Superiores a Kardec,
corroborados por Emmanuel e Joanna de Ângelis?
De vícios de toda a natureza e surtos de ódio e desequilíbrio
mental portadores de armas, mortes, suicídios, e que alimentam processos
obsessivos com toda a intensidade de que são capazes?
Diria que sim, tudo isto e muito mais, contudo estamos
falando de EFEITOS e não de CAUSAS.
O Espiritismo, mais precisamente, a Filosofia Espírita trata
das CAUSAS das questões existenciais humanas, minando-lhe os efeitos causadores
de dor e sofrimento que ao longo de milênios tem acompanhado a alma humana e os
Espíritos.
O processo de transição, tão propalado por várias pessoas,
que tentam justificar o injustificável, porque se não tratamos as causas, os
efeitos continuarão a lesar a alma e os corpos humanos, é muito mais que um
simples perpassar, como um caminho, por uma trajetória de dores e aflições.
TRANSIÇÃO significa MUDANÇA de posição, de aderência a posturas
e comportamentos, modos de pensar e de viver, de estar e ser, para uma outra
proposta, a de REGENERAÇÃO de almas e de Espíritos.
Contudo, pouco se
pensa sobre o tema. As preferências de abordagens se projetam numa proposta
ou propostas oníricas, de uma espécie de paraíso distante e inalcançável, ou
até de projeções de pensamentos daqueles que “acham que” a vida regenerada seria a
satisfação de prazeres que hoje não se pode alcançar.
O significado da palavra REGENERAÇÃO conforme a abordagem espírita, remete à transformação
de um estado, de um modo de ser e de viver, para outro, oposto porque desatrela
costumes e hábitos arcaicos, crenças mitológicas e míticas, que se projetam na
vida e no modo de pensar a vida. Regenerar-se implica não num simples colocar
remendos novos em roupas velhas, mas em trocar de roupas, de vestes, novas e
brilhantes como novo e brilhante deve ser o novo pensar, um novo modo de raciocinar a projetar-se na existência.
Trocando em miúdos, o cotidiano deve mudar, a partir dos
costumes e hábitos, transformando a nossa sociedade de consumo para a de
preservação. Raciocinemos através de alguns poucos exemplos, que certamente o nosso leitor poderá ampliar:
Alimentação carnívora
Emmanuel posicionou-se certa vez, quando lhe perguntaram
sobre o assunto e a sua resposta foi: “se desejam saber em qual nível evolutivo
a humanidade se situa, basta observar que ainda se alimenta das vísceras de
seus irmãos inferiores...”
Nada mais justifica essa alimentação, pois seus nutrientes já
foram substituídos plenamente por outros mais saudáveis. Devemos, pois,
analisar o que leva ainda o ser humano a escolher a carne como prato, seja ela
bovina, equina ou de qualquer outro animal.
Resta o prazer em
alimentar-se com carne; e isto deve mudar.
Animal tem vida; tem emoções e sentimentos proporcionais ao seu estágio evolutivo. Os animais evoluem como os seres humanos. Inserir sofrimento e dor desnecessários a
esse processo acarreta mais perdas a eles e comprometimentos à raça humana. Sem
mencionar os agronegócios, exploradores e depredadores por sua própria
natureza.
E você, o que está fazendo para mudar isto?
Ecologia
Não precisamos enumerar o que a boa imprensa e as ONGs
honestas e lúcidas já fazem. O aquecimento global prenuncia grandes catástrofes
a curto, médio e a longo prazo.
Já estamos sentindo as mudanças. Em toda a parte isto já
acontece. A água potável está em processo de esgotamento. A ciência pouco
poderá fazer, mesmo dessalinizando a água dos oceanos. Jamais será a mesma água pura proveniente de nascentes naturais.
Por outro lado, a desertificação está avançando em todo o planeta e já se instalou no Nordeste brasileiro.
Pequenos animais necessários à preservação do ecossistema estão
morrendo, se extinguindo. As abelhas, por exemplo. A beleza que trazem à natureza como os
vagalumes, onde estão? Estão sendo dizimados pela disseminação descontrolada de
agrotóxicos que, obviamente não são seletivos e exterminam a fonte da vida na
pretensa intenção de exterminar pragas. Aliás, a ciência ética já desenvolve
meios de extermínios de pragas por meios naturais, sem a utilização das drogas,
que estendem a matança aos seres humanos que consomem alimentos contaminados.
E isto tem que mudar, o
que você está fazendo para que tal aconteça?
Poluição mental
Advinda das Fake News, que firmou a sua sordidez e seus pés
enlameados nos corações ingênuos que acreditam em tudo o que lhes parece
verdade; a aparência de verdade não é ela mesma. Deve ser investigada e
cotejada com os ensinamentos dos Espíritos Superiores a Kardec, com a lógica
espírita advinda do estudo constante e com os ensinamentos e exemplos de Jesus
de Nazaré e seus bons seguidores.
Advinda de uma mídia comercial egoisticamente interessada em
modificar os bons costumes e a boa educação por um projeto de vida superficial e
focada nos prazeres físicos de toda a sorte, porque manipulada e manipulável, em
busca de índices de audiência através do escândalo. Amoral e imoral, antiética,
antiestética e contra os valores de uma sociedade que já deveria estar
preparada por centenas de anos de boas e nobres mensagens e vidas de gente que
continua vivendo, sacrificialmente e com riscos à própria existência e integridade, o
Bem e para o Bem.
Nota: Não se trata de adotar pensamentos e costumes conservadores mas de seguir os ensinamentos e exemplos que nos foram ofertados por centenas de obreiros da Verdade e do Bem, e que continuam dando exemplos de amor à vida onde quer que ela se manifeste. Estamos falando de desenvolvimento do senso de seletividade.
E VOCÊ, o que está
fazendo para mudar isso?
Comportamento
Poderíamos nos ater ao comportamento humano de uma forma
geral, mas vejamos os efeitos do que já citamos: desonestidade, “jeitinho” para tudo, sonegação de impostos,
mentiras, maledicências, calúnias, inveja, ciúmes, roubo de direitos autorais, violência
física e moral, assédios sexual e moral, etc., etc.
Todos esses comportamentos geram distúrbios mentais,
processos obsessivos de longa duração, ou são ocasionados por eles, numa
permuta constante e vampiresca.
E você, espírita, o que
está fazendo para mudar isto?
Veja que estamos nos
referindo à humanidade a qual também pertencemos.
Mediunidade
Allan Kardec deixou muito claro o significado de mediunidade:
estado de intercâmbio constante com o mundo desencarnado, numa permuta amoral e
aética, já que mediunidade não define
moral elevada.
O médium não é o
representante de Deus sobre a Terra, não tem autoridade
para fazer premonições e profecias, não está na condição de fazer milagres
como Jesus, que, na verdade não “fazia milagres”, mas curava enfermidades
físicas e mentais quando os enfermos ofereciam condições físicas e morais para
tanto, conclamando e deixando muito claro que a fé do paciente era instrumento
de refazimento, sem a qual Ele, Jesus, nada poderia fazer.
Os Espíritos Superiores destacaram isto a Kardec, veja-se o
Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo 19 - A fé transporta montanhas.
Quanto à mediunidade de efeitos físicos, com foco em saúde, obedece aos mesmos
ditames acima, o médium nada pode fazer se o paciente não tiver fé, contudo, aliado à fé, é necessário o Conhecimento que desenvolve o discernimento, sem os quais os charlatães continuarão agindo em nome de Deus e do Espiritismo e se aproveitando da credulidade e da ignorância alheios.
O mesmo diga-se à mediunidade
psicográfica, hoje instrumento de Espíritos e médiuns portadores de pseudo sabedoria, segundo a
definição de Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.
Particularmente conheci alguns centros ESPIRITUALISTAS, que trazem equipes de médiuns que
atuam no refazimento da saúde de seus assistidos, realizam
Cromoterapia, Desobsessão, pregam o Evangelho de Jesus e o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Essa miscigenação de conceitos e terapias, contudo, evocam uma prática
voltada à proposta de cura de enfermidades e mudança de comportamentos frente à
vida.
Trata-se de um fenômeno social surgido com a atuação de
Centros Espíritas no Brasil, mas que encontrou no começo do século XX um país colonizado por católicos e mesclado por cultos
africanos e orientalistas.
Todavia, o paciente deve estar alerta quando às intenções
e à postura de médiuns e seus colaboradores.
O fato ocorrido recentemente com um médium de Goiás, que,
esclareçamos, não é espírita, repetiu
o comportamento antiético e ausente de moral cristã de muitos outros médiuns não-espíritas
no passado.
Alguns tiveram morte trágica: castigo? Certamente que não, lei de causa e efeito nada tem a ver com lei de talião.
Contudo, atraíram, na mesma proporção de suas energias desequilibradas, outros
Espíritos em igual desalinho mental e espiritual e que, muito provavelmente contribuíram para a sua morte, quando não a profundo
desequilíbrio.
Lições se repetem, as pessoas precisam aprender com elas.
Este artigo, com todos os comentários acima, traz uma pequena
reflexão quanto ao que nos cabe fazer para adentrarmos o mundo regenerador.
E você, o que está fazendo e refletindo para que a
regeneração aconteça em sua vida e na vida das pessoas que o/a cercam??
Lembre-se que as Leis Morais estão em sua consciência de
profundidade, esperando o momento de serem vividas, para uma existência plena de equilíbrio e bem estar.
Sonia Theodoro da Silva
Filósofa.