(O anjo na sepultura de Cristo - Benjamin West)
As mortes coletivas sempre foram
motivo de questionamentos por parte de todos os que estamos sendo informados
das dores e aflições de muitos, seja no Brasil ou no exterior.
O que teria motivado realmente
essas mortes? Imprudência das vítimas? Descaso das autoridades?
Irresponsabilidade ou imprudência dos envolvidos? Predestinação? Fatalidade?
Qual a causa real desses
infortúnios vistos pela Filosofia Espírita? Lei de ação e reação? Lei de Causa
e Efeito? Seja qual ou quais foram ou são as causas, ficamos todos imensamente
comovidos diante de tanta aflição e sofrimento. Pessoalmente adotei o hábito de
orar por todos no exato momento da informação divulgada e recebida por mim
através da mídia. Sugiro que todos façam o mesmo.
Contudo, importante diferenciar
lei de ação e reação de lei de causa e efeito.
Ação e reação evoca a terceira
Lei de Newton : “A Terceira lei de Newton descreve o resultado da interação
entre duas forças. Ela pode ser enunciada da seguinte maneira: para toda ação (força) sobre um objeto, em
resposta à interação com outro objeto, existirá uma reação (força) de mesmo
valor e direção, mas com sentido oposto. A partir desse enunciado, podemos
entender que as forças sempre atuam em pares. Nunca existirá ação sem reação,
de modo que a resultante entre essas forças não pode ser nula, pois elas atuam
em corpos diferentes.” (prof. Joab Silas, graduado em Física)
O destaque é meu. Portanto,
atribuir essa lei às causas e efeitos originárias de motivações de cunho moral,
é errado, pois validaria a lei de
talião criada por Hamurabi e sancionada por Moisés tempos depois.
Segundo o Livro dos Espíritos, as
Leis Divinas estão na consciência humana. Historicamente a humanidade é contraventora das Leis Divinas,
visto que ainda se situa em plano consciencial de provas e expiações; ao
repetir erros a lei de causa e efeito atuará no sentido de recolocar o
indivíduo no correto caminho do qual ele se desviou, para que ele – ou ela -
devidamente “conscientizado”, reconheça a necessidade de ser “uno com o Pai”,
tal como Jesus dizia e repetia sempre.
Ser “uno com o Pai” é uma
expressão que designa o pleno cumprimento e consequente seguimento das Leis de
Deus, pois estas nos reconduzem ao equilíbrio, e, portanto, a um estágio, mesmo
que temporário, de felicidade. Porque estágio temporário? Importante lembrar
que, conforme o Evangelho Segundo o Espiritismo, a felicidade plena “não é
deste mundo”. Já que a nossa existência
real não é na Terra, pois aqui estamos no estágio
de aprendizado, as lições se bem aprendidas nos colocarão em fase mais
adiantada de entendimento, compreensão e consequente vivência e convivência em
patamares cada vez mais altos.
Segundo os Espíritos – Emmanuel,
Joanna de Ângelis, Bezerra de Menezes, e enfatizo a última mensagem do Espírito
Gabriel Delanne (www.filosofiaespirita.org
), onde o eminente cientista espírita destacou o comportamento “individualista
feroz” de nossa civilização atual, o que nos levaria a graves consequências com
relação a atos e ações praticados contra o semelhante e ao meio ambiente. Observamos
que, atualmente, esses acontecimentos previstos (veja-se a mensagem
“Advertência de Amor” de De Ângelis) estão ocorrendo amplamente.
Allan Kardec, por sua vez, com a
lucidez que o caracteriza, informou em A Gênese, que o período de transição
seria caracterizado pela “luta de ideias”. Muitos respiraram aliviados, achando
que Kardec não estava “prevendo” guerras fulminantes.
Entretanto, lembremos que o
século XX foi o século de maior refinamento da violência e da crueldade de uns
contra os outros, a arrastar-se pelo século XXI afora. E essa “luta de ideias”
pode levar a atitudes reativas de ódio e destruição se o jogo de interesses for
primazia nas relações internacionais.
E nas relações humanas cotidianas?
Fiquemos em terras brasileiras. O Brasil, tido como “pátria do Evangelho”, na
realidade se configura como “pátria” das centenas de cultos religiosos que aqui
encontraram terreno fértil no sentimento do cidadão brasileiro.
É “coração do mundo”? Depende do
que acharmos dessa definição. No momento, vemos um país mergulhado na violência
de todas as formas configurada, principalmente contra a mulher.
Dois brilhantes sociólogos, Jean
Baudrillard, francês, autor do best-seller, “Sociedade de Consumo”, e Zygmunt
Baumann, polonês, autor da expressão “modernidade líquida”, ambos detentores de
uma visão ampla e sensível da sociedade que criamos desde fins do século 18 até
os nossos dias, período que Allan Kardec também analisa e configura como sendo
o início da “transição”, definiram o momento atual como praticamente ausente de
iniciativas éticas e morais que pudessem conduzir o indivíduo a um estágio
minimamente caracterizado como “feliz” .
Mario Vargas Llosa em “A
Civilização do Espetáculo”, igualmente proclama: “este pequeno ensaio não tem a
aspiração de aumentar o já elevado número de interpretações sobre a cultura
contemporânea, mas apenas de fazer constar a metamorfose pela qual passou
aquilo que se entendia ainda por cultura quando minha geração entrou na escola
ou na universidade e a matéria heteróclita ( excêntrica) que a substituiu, numa
adulteração que parece ter-se realizado com facilidade e com a aquiescência geral.”
Nossa sociedade, segundo mensagem
do Espírito Gabriel Delanne, em 2004 (www.filosofiaespirita.org),
pela mediunidade lúcida de Raul Teixeira, é hoje uma sociedade onde predomina o
individualismo feroz; observação de um Espírito que atuou fortemente na
estruturação, continuação e divulgação da ciência espírita segundo o
Espiritismo.
Os três analistas de nossa
sociedade, que partilham o mundo espiritual e o mundo dos encarnados, e cada um
em sua área de atuação, foram absolutamente concordes no que se refere ao
quadro existencial atual.
Unindo os pareceres dos autores e
analistas, e com profundo respeito à Filosofia Espírita, detentora de
princípios eternos e imutáveis, porém, como disse Allan Kardec, ela, a
Filosofia Espírita é progressiva (não
progressista), ou seja, acompanha e age como forte coadjuvante no
desenvolvimento intelecto-moral humano,
afirmo que a nossa sociedade, da forma como está constituída – individualismo feroz, mais capitalismo como
sistema econômico em seus excessos, mais sociedade de consumo -, ESTÁ ACIONANDO A LEI DE CAUSA E EFEITO A
NOSSO DESFAVOR, JÁ QUE SOMOS TODOS CONTRAVENTORES DAS LEIS DIVINAS, gerando
processos de resgate coletivos, bem como individuais, extremamente dolorosos,
já que pouco ou nada fazemos para mudar a atual situação.
Entretanto, não se trata de
mecanismo punitivo, e sim, educativo, porque desperta valores e motiva e
incentiva o exercício de virtudes, conscientemente abandonados por grande
parte, senão a maioria da nossa humanidade atual.
NÃO PRECISARIA SER ASSIM, bastaria que nos harmonizássemos com a
mais importante Lei (consulte-se O Livro
dos Espíritos), ou seja, trabalhássemos intensamente por uma sociedade em bases
firmes de valores éticos e virtudes morais, que os resgates e provas PODERIAM SER MAIS AMENOS, POR CONTA DE NOSSA
INICIATIVA NO BEM EFETIVO.
Estamos vivenciando um processo
de transição violenta. Os Espíritos
Superiores são categóricos ao afirmar que precisamos, nas casas espíritas
sérias, acolher sim, porém, ensinar, elucidar, esclarecer.
EM NOSSA ÉPOCA, ONDE TODOS TEMOS ACESSO À INFORMAÇÃO, NÃO SE OFEREÇA
MAIS “LEITE” COMO ALIMENTO – PARAFRASEANDO PAULO DE TARSO – MAS “ALIMENTO
SÓLIDO” PARA QUE TODOS TENHAM O INSTRUMENTAL DO CONHECIMENTO E PRINCIPALMENTE
DO CONHECIMENTO ESPÍRITA PARA SE LIBERTAR DAS INJUNÇÕES DA MATÉRIA E OPTAR DE
FORMA CONSCIENTE POR COMPORTAMENTOS CONDIZENTES COM O MOMENTO DRAMÁTICO QUE
VIVEMOS.
ESSE MOMENTO REQUER DE DIRIGENTES, EXPOSITORES E EDUCADORES ESPÍRITAS,
ADESÃO PLENA E TOTAL AOS PRINCÍPIOS ESPÍRITAS, REVELADOS A NÓS NUM COMPOSTO
DOUTRINÁRIO E JUSTAMENTE NO MOMENTO EM QUE A TRANSIÇÃO ESTARIA SENDO
INTENSIFICADA.
Sonia Theodoro da Silva, Filósofa
e espírita.
Bibliografia:
Citadas no texto
Bibliografia sugerida:
Obras Póstumas , Allan Kardec
Após a Tempestade, Joanna de Ângelis ( médium D. Franco)
Subir aos Montes, mensagem de Emmanuel, Caminho Verdade e Vida (médium FCXavier)